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Quarta-feira, 10 de Setembro de 2025
Vacina inovadora mostra eficácia contra recidiva de cânceres agressivos

Saúde
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Vacina inovadora mostra eficácia contra recidiva de cânceres agressivos

Pesquisa internacional aponta que imunização pode oferecer proteção duradoura para pacientes de pâncreas e intestino.

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A medicina pode estar diante de um avanço histórico na luta contra alguns dos tipos mais agressivos de câncer. Uma vacina experimental desenvolvida por pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA) demonstrou resultados altamente promissores ao reduzir as chances de retorno do câncer de pâncreas e do colorretal em pacientes considerados de alto risco. O estudo foi publicado na prestigiada revista científica Nature Medicine e vem sendo celebrado como um marco tanto por médicos quanto por pacientes.

Por que isso é tão relevante?

O câncer de pâncreas é conhecido por sua agressividade e pela baixa taxa de sobrevida. Dados internacionais mostram que a maioria dos pacientes tratados com cirurgia e quimioterapia tem recidiva em pouco tempo, e menos de 12% sobrevivem por cinco anos após o diagnóstico. Já o câncer colorretal, embora com maior índice de cura em estágios iniciais, ainda representa uma das principais causas de morte por câncer em todo o mundo quando retorna em forma avançada.

É nesse cenário desafiador que surge a vacina ELI-002 2P, desenvolvida para agir sobre o gene KRAS, mutação presente em 90% dos cânceres pancreáticos e em cerca de 50% dos colorretais. Até hoje, esse gene era considerado quase “impossível” de ser combatido, o que torna os resultados ainda mais surpreendentes.

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O que diferencia essa vacina das demais?

Um dos maiores diferenciais da ELI-002 2P é que ela não precisa ser personalizada para cada paciente, como acontece com algumas imunoterapias experimentais. Trata-se de uma formulação pronta para uso, que pode ser aplicada em diferentes pessoas com o mesmo tipo de mutação. Isso reduz tempo, custo e amplia a possibilidade de acesso em um futuro próximo.

Outro aspecto inovador é o modo de aplicação. Em vez de atuar diretamente na corrente sanguínea, a vacina é injetada nos gânglios linfáticos, onde o sistema de defesa do corpo é ativado. Dessa forma, consegue estimular a produção de células T, fundamentais para reconhecer e destruir células cancerígenas.

Detalhes do estudo clínico

No ensaio clínico de fase 1, participaram 25 pessoas: 20 com câncer de pâncreas e 5 com câncer colorretal. Todos os voluntários já haviam passado por cirurgia, mas ainda apresentavam fragmentos de DNA tumoral circulando no sangue, sinal de que o risco de recidiva era elevado.

Os pacientes receberam uma série de injeções da vacina e foram acompanhados por quase 20 meses. Os resultados foram impressionantes:

  • 84% desenvolveram células T específicas contra o KRAS;

  • em alguns casos, biomarcadores do câncer desapareceram totalmente do organismo;

  • 67% apresentaram respostas imunológicas contra outras mutações associadas ao câncer, ampliando a proteção;

  • pacientes com respostas mais fortes viveram livres da doença por períodos bem acima do esperado.

A média de sobrevida livre de recidiva foi de 16,3 meses, e a sobrevida global chegou a 28,9 meses – números que superam significativamente os índices históricos para esses tipos de tumor.

Impacto e próximos passos

Para especialistas, a descoberta representa uma verdadeira mudança de paradigma no tratamento de tumores sólidos agressivos. Embora ainda em fase inicial, a pesquisa abre caminho para novas possibilidades de imunização contra mutações específicas em diferentes tipos de câncer.

“É um avanço empolgante, especialmente no caso do câncer de pâncreas, que quase sempre retorna após o tratamento convencional. Se os próximos estudos confirmarem esses resultados, podemos estar diante de uma revolução no cuidado oncológico”, destacou o professor Zev Wainberg, principal autor da pesquisa.

O próximo passo será a realização de um ensaio clínico de fase 2, com um número maior de voluntários, em diferentes regiões do mundo. A ideia é confirmar a segurança, eficácia e viabilidade do imunizante em larga escala. Se for aprovado, a ELI-002 2P poderá se tornar uma ferramenta essencial para prolongar a vida e oferecer novas esperanças a milhares de pessoas.

Esperança para pacientes e famílias

Para quem convive com o câncer de pâncreas ou de intestino, qualquer ganho no tempo de sobrevida já é visto como um avanço. Mas o fato de a vacina também reduzir drasticamente as chances de recidiva traz não apenas expectativa de vida, mas também qualidade de vida para os pacientes.

A possibilidade de transformar o sistema imunológico em um aliado direto no combate ao câncer mostra como a ciência vem explorando caminhos inovadores. Até pouco tempo atrás, falar em uma “vacina contra o câncer” soava como ficção científica. Hoje, já é uma realidade em construção.

Se os resultados continuarem positivos, a descoberta poderá marcar o início de uma nova era em que vacinas não apenas previnam doenças infecciosas, mas também protejam contra alguns dos tipos de câncer mais mortais do planeta.

FONTE/CRÉDITOS: Metropolitano SP
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Divulgação
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